A vida vai-se cumprindo, caminhamos por essa estrada que nunca sabemos onde vai dar, como também não sabemos quando acabará nem o que nos espera no fim.
Vamos correndo umas vezes, tropeçando outras, sentamo-nos de vez em quando, exaustos, esperamos que as forças regressem, que alguém nos dê um copo de água, a força do seu braço, a gentileza de umm sorriso, a palavra justa.
Erguemo-mos de novo, damos mais uns passos talvez agora apoiados, talvez mais vagarosos. Com muita dificuldade, vamos aprendendo. Aprendemos que não há assim muita diferença entre os momentos de dor e os de felicidade, todos fazem parte do mesmo tecido entrelaçado ponto por ponto em cada dia.
Então, inevitavelmente, chega o dia em que paramos, não para olhar para trás mas sim à nossa volta. A quem tocámos com os nossos pensamentos ou actos? Quem nos tocou? A nossa existência serviu para alguma coisa? Fomos úteis ou nocivos? Compassivos ou violentos? Persuasivos ou arrogantes?
E achamos muitas vezes que todo o caminho percorrido não passou de um desperdício de forças e de energia, uma ilusão prestes a desfazer-se.
E é, muitas vezes, quando se dão pequenos milagres: mãos que se estendem para nos levantar, braços que se unem para fazer um muro que nos abrigue, palavras de conforto, portas a abrirem-se.
Aconteceu comigo. Num momento de grande fragilidade, achei que nada valia a pena, que tudo quanto dizia ou fazia não passava de inutilidade. Mas estavam lá vocês. Não conheço muitos dos vossos rostos, outros conheço só agora, através de fotos, a outros, ainda, vejo-as na minha mente com os traços do avatar que escolheram. Não conheço o som das vossas vozes, não sei se são bonitos ou feios, louros ou morenos, magros ou gordos. À primeira vista, parece tudo muito irreal, tudo muito virtual, relações que se formam de fios, de chips, de bites e megabites, de pixels e outras coisas com nomes estranhos. Mas, mistérios da natureza humana, os sentimentos por detrás da rede são bem reais.E fica provado que nada têm a ver com idade, bens materiais, beleza física, etc… Têm a ver com carácter, com temperamento, com sinceridade, com força anímica. Graças a vocês, meus Amigos encontrados virtualmente mas nada virtuais, ultrapassei os meus medos e as minhas inseguranças quando mais precisava de o fazer. Graças à vossa força, ao vosso carinho, tive vontade de aprender coisas novas, de correr de novo pela estrada, de construir, de planear.
Neste momento, numa tarde que devia ser de Primavera mas está fria demais, quero dizer-vos a todos, do fundo do coração:
Obrigada por existirem na minha vida.